Stablecoin FDUSD perde paridade e pode estar falida com mais de US$ 500 milhões de dívidas

A stablecoin FDUSD, amplamente usada na Binance, entrou em colapso e enfrenta acusações graves de insolvência. Nas últimas 24 horas, o ativo perdeu sua paridade com o dólar e chegou a ser negociado por US$ 0,89, bem abaixo da cotação de 1:1 prometida aos investidores.

Atualmente, o FDUSD opera em torno de US$ 0,97, mas o mercado continua em alerta. Analistas estimam que a stablecoin já perdeu cerca de US$ 130 milhões em valor de mercado, e novos dados apontam para dívidas que podem ultrapassar US$ 500 milhões.

O colapso ganhou força após declarações públicas de Justin Sun, fundador da rede Tron. Em seu perfil oficial, Sun acusou a emissora da FDUSD, a First Digital Trust (FDT), de estar falida e incapaz de cumprir os resgates de clientes. Ele recomendou que os usuários retirassem seus fundos imediatamente e pediu ações urgentes dos reguladores.

“A FDT está insolvente e não consegue cumprir os resgates dos clientes”, escreveu Sun. Ele alertou ainda que a crise ameaça a reputação de Hong Kong como centro financeiro global, e pediu atuação firme das autoridades para evitar perdas maiores.

Stablecoin FDUSD perde paridade

Com a repercussão, o mercado reagiu com forte instabilidade. A FDUSD, que tinha como principal atrativo sua paridade estável com o dólar, perdeu rapidamente a confiança dos investidores. A cotação do par BTC/FDUSD na Binance chegou a registrar um prêmio de US$ 6 mil sobre o BTC/USDT, indicando a corrida por ativos considerados mais seguros.

Além disso, a empresa de trading Wintermute retirou 31,3 milhões de FDUSD da Binance em menos de uma hora, movimento interpretado como uma tentativa de minimizar perdas e se proteger da desvalorização.

No X, investidores passaram a questionar qual o próximo lançamento da Binance e se ele ainda vai utilizar o FDUSD.

A First Digital negou todas as acusações e classificou as declarações de Justin Sun como difamatórias. Em comunicado oficial, a empresa afirmou que o FDUSD é totalmente lastreado por títulos do Tesouro dos EUA, e publicou os números ISIN das reservas para comprovar sua solvência.

A FDT também declarou que a disputa de Sun diz respeito à TrueUSD (TUSD), outra stablecoin, e não ao FDUSD. Segundo a empresa, Sun teria usado as redes sociais para atacar um concorrente direto, em vez de recorrer aos canais legais.

Dívida de quase US$ 500 milhões

A crise, no entanto, tem raízes mais profundas. Documentos judiciais revelam que a emissora da TUSD, a Techteryx, sofreu uma fraude que bloqueou cerca de US$ 456 milhões em investimentos ilíquidos. Após adquirir a TrueUSD, a Techteryx nomeou a FDT para administrar as reservas. A empresa acusa a FDT de ter investido quase meio bilhão de dólares no fundo Aria CFF, registrado nas Ilhas Cayman.

Entre 2023 e 2024, a Techteryx tentou resgatar os valores investidos, mas recebeu menos dinheiro do que o esperado. Durante o processo, Justin Sun interveio e ofereceu um empréstimo emergencial para salvar a TUSD, o que fortaleceu sua posição no debate.

Investigações também apontam que o CEO da FDT, Vincent Chok, teria desviado US$ 15,5 milhões em comissões não divulgadas e concedido empréstimos não autorizados de aproximadamente US$ 15 milhões para empresas associadas ao fundo Aria. A acusação caracteriza essas ações como fraude, má gestão e apropriação indébita de fundos de clientes.

Diante desse histórico, a confiança no FDUSD caiu drasticamente . Embora a FDT afirme que realizará uma sessão pública (AMA) em 3 de abril para esclarecer os fatos, o mercado já demonstra forte resistência em continuar usando a moeda.

O FDUSD era uma das stablecoins mais negociadas na Binance, especialmente em pares com criptomoedas como Bitcoin e Ethereum. Assim, agora, investidores observam com cautela cada novo desdobramento, cientes de que a perda de confiança pode levar à falência definitiva do ativo.

Além disso, a FDT não conseguir reverter essa percepção, o FDUSD corre sério risco de perder espaço, liquidez e relevância no mercado global, em meio a uma crise que expôs novamente a fragilidade de um setor ainda carente de padronização e supervisão eficaz.

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