China cria centro global para o RMB digital e mira uso internacional

• RMB Digital ganha centro internacional em Pequim
• Foco em blockchain e cooperação transfronteiriça
• Hong Kong avança com e-HKD e stablecoins

O banco central da China decidiu estruturar o ecossistema do yuan digital com um novo ativo estratégico em Pequim: o Centro Internacional de Operações do RMB Digital. A unidade foi criada para projetar, operar e manter a infraestrutura de blockchain e operações transfronteiriças, conectando o RMB Digital aos sistemas financeiros domésticos e estrangeiros, com foco no uso internacional.

Com isso, o projeto começa a operar em “duas frentes”. O recém-estabelecido centro internacional tem como alvo a interoperabilidade fora da China continental, enquanto o já existente Centro de Gerenciamento de Operações aprimora a infraestrutura doméstica ao adotar tecnologias locais e garantir resiliência e crescimento de longo prazo no uso do RMB Digital.

Autoridades e analistas veem essas duas frentes como complementares. O objetivo é criar um sistema cooperativo no qual a expansão externa do yuan digital seja sustentada por uma base técnica robusta no mercado doméstico, reduzindo atritos em pagamentos e liquidações e possibilitando integrações com arranjos internacionais de pagamentos digitais.

O movimento está alinhado com iniciativas em Hong Kong. Após a segunda fase do piloto, a Autoridade Monetária local está considerando priorizar o e-HKD para clientes institucionais, especialmente em transações internacionais. Ao mesmo tempo, a discussão sobre stablecoins lastreadas em yuan está ganhando força, inclusive como ferramenta para fortalecer a presença do renminbi em mercados offshore.

O Bank of China também anunciou sua intenção de expandir o uso da moeda no comércio global, assim como promover a abertura bilateral dos mercados financeiros no devido tempo. O plano inclui fortalecer Xangai e Hong Kong como centros financeiros internacionais e expandir um sistema de pagamentos transfronteiriços em yuan “independente, controlável, multicanal e de ampla cobertura”.

No debate global sobre stablecoins, projeções de grandes bancos indicam que o segmento pode crescer rapidamente. Estimativas sugerem que o mercado de stablecoins pode criar até US$ 1,4 trilhão em demanda por dólares até 2027, explicando por que diferentes jurisdições estão buscando suas próprias alternativas interoperáveis.

Hoje, o domínio do USDT ilustra o estado atual da indústria: aproximadamente 60% do valor de mercado das stablecoins, totalizando cerca de US$ 308,26 bilhões, está atrelado ao token da Tether. Esse contexto ajuda a explicar a corrida de países e centros financeiros para desenvolverem suas próprias infraestruturas para moedas digitais e stablecoins lastreadas em moedas fiduciárias locais.