A indústria de mineração de Bitcoin está enfrentando a crise econômica mais severa em seus 15 anos de história. No momento da publicação, o preço do Bitcoin está oscilando em torno de US$ 92.870, uma queda de 27,67% em relação ao pico de US$ 126.000 em outubro. Esse ajuste levou diretamente ao colapso da lucratividade da mineração, com a taxa de hash atual em 1.075 Eh/s, permanecendo em um nível elevado. Análises do setor mostram que os mineradores estão enfrentando o “ambiente de lucro mais rigoroso da história”, com a maioria dos operadores tendo receitas diárias abaixo do custo de produção, e o período de retorno para as novas gerações de máquinas de mineração se estendendo para mais de 1.000 dias. Os mineradores podem ser forçados a vender grandes quantidades de Bitcoin para manter o fluxo de caixa, o que pode criar um ciclo vicioso e pressionar ainda mais o preço do Bitcoin.
Margens de lucro continuam a deteriorar, preço do hash atinge mínimas estruturais
O colapso da lucratividade da mineração já dura quatro meses. Relatórios do JPMorgan mostram que, em novembro, a receita média diária dos mineradores por bloco foi de apenas US$ 41.400/EH/s, uma queda de 14% em relação ao mês anterior e de 20% em relação ao ano anterior. Atualmente, o preço do hash está estável na faixa de US$ 38,3–39,44/PH/s, apenas um pouco acima da linha de equilíbrio de US$ 40/PH/s. Se cair abaixo desse patamar, muitos mineradores terão que desligar suas máquinas para evitar prejuízos.
Embora o poder computacional total da rede tenha caído ligeiramente 1% em novembro para 1.074 EH/s, espera-se que em dezembro continue subindo para mais de 1.100 EH/s, aumentando a concorrência e diluindo severamente a receita por unidade de hash. O TheMinerMag aponta que isso não é uma flutuação de curto prazo, mas sim uma mínima estrutural. A dificuldade de mineração em dezembro deve subir para 150,56 trilhões, comprimindo ainda mais as margens de lucro. Pequenos mineradores estão recebendo apenas US$ 0,0334 por TH/s por dia, o menor valor desde 2023. Empresas de mineração listadas em bolsa, como a CleanSpark, decidiram recentemente quitar antecipadamente todo o crédito obtido junto à Coinbase usando Bitcoin como garantia, um movimento que simboliza que o grupo de mineradores está, em geral, buscando desalavancagem, priorizando a retenção de caixa e aumentando a liquidez, ao invés de continuar expandindo agressivamente as operações.
Ajuste no preço do Bitcoin amplia pressão sobre a mineração
O Bitcoin caiu do pico de US$ 110K em novembro para a mínima de US$ 83K no início de dezembro, recuperando-se depois para a faixa de US$ 92,9K. A queda de cerca de 18% impactou diretamente a receita dos mineradores, já que as recompensas de mineração estão atreladas ao preço do BTC. O período de retorno para as novas gerações de máquinas de mineração já ultrapassa 1.000 dias, enquanto faltam cerca de 850 dias para o próximo halving (previsto para 2028), o que significa que a maioria dos mineradores dificilmente conseguirá recuperar o investimento antes do próximo halving.

O balanço patrimonial do setor está reagindo ao ambiente adverso. Em novembro, o valor de mercado total das empresas de mineração listadas em bolsa evaporou 16%, caindo para US$ 59 bilhões. Muitos mineradores estão tentando diversificar a receita migrando para computação de alto desempenho (AI/HPC), mas, no curto prazo, ainda não conseguem se desvincular da forte dependência do preço do Bitcoin.
Se os mineradores venderem grandes quantidades de Bitcoin
A crise de lucros pode forçar os mineradores a acelerar a venda de suas reservas, aumentando o risco de queda dos preços. Em 6 de novembro, mineradores venderam 1.898 BTC a um preço médio de US$ 102.600, e até mesmo uma carteira de minerador inativa há 14 anos transferiu 150 BTC, aumentando ainda mais a pressão de oferta no mercado.
Historicamente, as vendas dos mineradores tendem a amplificar as quedas de preço. Atualmente, as taxas de financiamento já se tornaram negativas e o sentimento de baixa está crescendo no mercado. Se a onda de vendas continuar, o Bitcoin pode testar novamente o suporte de US$ 83.000, formando um ciclo vicioso de “queda de preço → deterioração dos lucros → mais vendas”.
Ações de mineração sob forte pressão, recuperação não esconde crise fundamental
Desde meados de outubro, as ações do setor de mineração despencaram coletivamente:
- MARA Holdings (MARA) caiu 50% desde o pico, cotada a US$ 11,91;
- CleanSpark (CLSK) caiu 37%, cotada a US$ 13,70;
- Riot Platforms (RIOT) caiu 32%, cotada a US$ 15,22;
- HIVE Digital Technologies (HIVE) teve a maior queda, de 54%, cotada a US$ 3,16.
A mineração de Bitcoin está passando pelo período mais difícil dos últimos 15 anos, com lucros em mínimas históricas que podem forçar os mineradores a continuar vendendo Bitcoin, potencialmente pressionando ainda mais os preços. Com a dificuldade aumentando e o próximo halving se aproximando, os mineradores precisam aumentar significativamente a eficiência ou diversificar os negócios, caso contrário, mais máquinas serão forçadas a desligar. Este ajuste não é uma oscilação de curto prazo, mas sim um desafio estrutural profundo. Os investidores devem acompanhar de perto os movimentos das carteiras dos mineradores e a intensidade das vendas para avaliar os riscos de queda do Bitcoin no futuro.


