Relatório Semanal de Stablecoins da Cobo Nº 30: A reviravolta da Ripple avaliada em 40 bilhões de dólares e a virada das gigantes de remessas internacionais para stablecoins
Transformação em meio à onda das stablecoins.
Bem-vindo à 30ª edição do Relatório Semanal de Stablecoins da Cobo.
O ganho de eficiência nos pagamentos transfronteiriços proporcionado pelas stablecoins é uma revolução tecnológica irreversível. Seu poder está forçando de baixo para cima (verticalmente) os gigantes das finanças tradicionais a se reposicionarem, ao mesmo tempo em que provoca intensos confrontos sobre soberania monetária e regulação entre países (horizontalmente).
Os detentores de interesses estabelecidos já não têm escolha: precisam entrar na disputa.
Nesta semana, focamos na transformação de empresas e mercados impulsionada por stablecoins.
No Sul Global, a alta inflação e a infraestrutura insuficiente criaram mercados financeiros com grande potencial. Western Union e Zepz estão de olho nessa oportunidade, mas seguem caminhos distintos: a primeira utiliza sua rede física de agentes para construir o “último quilômetro” das stablecoins, enquanto a segunda integra armazenamento de valor, pagamentos e investimentos via carteira digital em dólar, tentando criar uma nova porta de entrada para o consumidor financeiro. Ao mesmo tempo, a exchange latino-americana Ripio lançou uma stablecoin atrelada à moeda local, buscando promover a autonomia e a redução de atritos na rede de pagamentos regional por meio da desdolarização — um experimento tanto de transformação comercial quanto de soberania monetária.
No Norte Global, as stablecoins impulsionam a reconstrução da infraestrutura financeira corporativa. O destaque da semana é a Ripple, que em dois anos realizou seis aquisições para integrar emissão, custódia, gestão de tesouraria e liquidação, elevando seu valuation para US$ 40 bilhões, superando a Circle, e concretizando a transição de uma narrativa baseada em tokens para uma empresa orientada por receitas institucionais — mostrando como as stablecoins se tornaram o novo núcleo de competitividade empresarial nos mercados do Norte.
Visão Geral do Mercado e Destaques de Crescimento
O valor total de mercado das stablecoins atingiu US$ 305,206 bilhões, uma redução semanal de US$ 2,17 bilhões. Em termos de participação, a USDT mantém a liderança com 60,07%; a USDC está em segundo lugar, com valor de mercado de US$ 74,898 bilhões (24,54%).
Distribuição nas Redes Blockchain
Top 3 redes por valor de mercado de stablecoins:
- Ethereum: US$ 166,815 bilhões
- Tron: US$ 78,312 bilhões
- Solana: US$ 13,824 bilhões
Top 3 redes de maior crescimento semanal:
- Circle USYC (USYC): +14,87%
- CASH (CASH): +14,06%
- Ripple USD (RLUSD): +12,82%
Dados de DefiLlama
🎯 Da narrativa cripto à infraestrutura financeira: Ripple concretiza a transição da “era das stablecoins” com valuation de US$ 40 bilhões
A Ripple anunciou nesta quarta-feira a conclusão de uma rodada de financiamento de US$ 500 milhões, elevando seu valuation para US$ 40 bilhões. Isso marca a transição da empresa — antes centrada na narrativa cripto — para uma infraestrutura financeira regulada e voltada para instituições, finalmente reconhecida pelo mercado de capitais. A rodada foi liderada por instituições financeiras tradicionais de topo como Citadel Securities e Fortress, superando o valor de mercado da Circle (US$ 30 bilhões), mesmo esta tendo maior volume circulante de stablecoins (US$ 70 bilhões) e receitas bilionárias. O recado é claro: receitas reais e clareza regulatória estão dando à Ripple o ativo mais escasso de todos — legitimidade.
Nos últimos dois anos, a Ripple realizou seis aquisições, totalizando mais de US$ 3 bilhões, acelerando sua entrada no setor de infraestrutura cripto institucional por meio de M&A: adquiriu a GTreasury (gestão de tesouraria) por US$ 1 bilhão; Hidden Road (corretora multiativos) por US$ 1,25 bilhão; Rail (pagamentos no Canadá) por US$ 200 milhões; além de Metaco, Standard Custody e Palisade, construindo uma infraestrutura full-stack da custódia segura à carteira de alta frequência. Assim, a Ripple evoluiu de uma empresa de pagamentos baseada em tokens para fornecedora de infraestrutura cripto institucional, integrando emissão de stablecoins, custódia, gestão de tesouraria corporativa e liquidação em uma única plataforma.
Com a reconfiguração dos negócios, o mercado-alvo da Ripple se expande para o setor financeiro corporativo trilionário — um segmento onde liquidez, certeza de liquidação e confiança regulatória são essenciais. As aquisições pavimentam esse caminho: a GTreasury insere a Ripple em sistemas de gestão de trilhões de dólares, conectando-se ao fluxo de caixa das empresas Fortune 500; a Metaco oferece custódia em nível bancário; a Palisade suporta implantação de carteiras de alta frequência; a Rail conecta fluxos reais de pagamentos B2B com stablecoins; e as 75 licenças regulatórias globais garantem operações compliance em múltiplas jurisdições. Todos esses negócios geram receitas reais: o volume anual de pagamentos da Ripple já chega a US$ 95 bilhões, e a stablecoin RLUSD ultrapassou US$ 1 bilhão em circulação em menos de um ano. Essa estrutura representa receitas visíveis, base de clientes sólida e clareza regulatória — o núcleo do valor da Ripple como fornecedora de infraestrutura financeira full-stack.
A Ripple está solicitando licença bancária do OCC e conta principal no Federal Reserve. Se aprovada, a empresa eliminará a dependência de terceiros para custódia e liquidação, acessando diretamente a infraestrutura de pagamentos do Fed e integrando verticalmente emissão, liquidação e entrega de software, oferecendo soluções completas para clientes institucionais. Assim, a Ripple deixará de ser apenas uma “ponte entre finanças tradicionais e cripto” para controlar ambos os lados, eliminando custos, atrasos e riscos de intermediários, competindo de igual para igual com gigantes como Visa e Mastercard. Contudo, a Ripple ainda enfrenta limitações técnicas: seus pagamentos transfronteiriços e a maioria das liquidações RLUSD ainda dependem da XRPL, rede estável porém defasada em programabilidade e compatibilidade DeFi frente a Solana e Ethereum L2. Para mitigar essa dependência, a Ripple, via aquisições, constrói uma arquitetura multichain, implantando RLUSD em XRPL e Ethereum, com potencial futuro de migrar operações para blockchains mais abertas e de alta performance, tornando XRPL a camada de pagamentos e a Ripple um “sistema operacional de ativos digitais”.
🎯 Quando remessas transfronteiriças encontram stablecoins: dois futuros para Western Union e Zepz
As stablecoins resolveram o problema de eficiência on-chain, mas a conversão “dólar digital <-> dinheiro físico” ainda é o maior atrito e obstáculo remanescente, exigindo vasta rede física, alto custo de compliance e anos de confiança acumulada. Esse atrito também esconde enorme valor comercial. No Sul Global, duas gigantes de remessas — Western Union e Zepz Group — estão se reinventando, representando dois caminhos distintos na era das stablecoins.
A Western Union, com mais de um século de história e presença em 200+ países e 500 mil pontos, planeja emitir em 2026 uma stablecoin USDPT atrelada ao dólar na Solana, com custódia da Anchorage Digital. Também lançou uma “Digital Asset Network”, transformando sua rede física de agentes em uma plataforma.
Ao emitir sua própria stablecoin USDPT, a Western Union não só obtém receita de juros sobre reservas investidas em títulos do governo, mas, principalmente, mantém sua rede física — que atravessa América Latina, África e Sul da Ásia, regiões onde o dinheiro ainda predomina e as barreiras regulatórias são altas — como diferencial competitivo impossível de replicar por empresas digitais. Nessas regiões, as stablecoins ainda têm baixa penetração, e a rede da Western Union é o canal obrigatório para “desembarcar” valor on-chain. Para carteiras, apps DeFi, exchanges e grandes redes de pagamento, converter fundos on-chain em dinheiro físico, ou trazer usuários de dinheiro para o blockchain, sempre passa pela Western Union.
Isso transforma a Western Union de empresa de remessas tradicional em “base física” do mundo blockchain, conectando valor virtual à economia real. Seu modelo de negócios passa a ter três camadas: receita de juros sobre reservas, taxas de entrada e saída de dinheiro físico para on-chain, e incentivos de adoção das blockchains — rumores apontam que a Western Union recebeu subsídio de oito dígitos da Solana. Com esse modelo, a empresa deixa de ser apenas um canal de remessas para se tornar infraestrutura fundamental do sistema global de stablecoins, conectando o “último quilômetro” das redes cripto.
Se a Western Union conecta o mundo físico ao blockchain, a Zepz segue o caminho oposto: parte das remessas digitais e usa stablecoins como núcleo para criar a porta de entrada financeira dos mercados emergentes. Sediada em Londres, a Zepz tem milhões de usuários, atendendo mais de 300 milhões de imigrantes globais, e, em ambientes de alta inflação, as stablecoins se tornam ferramenta privada de dolarização para proteção e armazenamento de valor.
Nesta semana, a Zepz fez parceria com a Bridge para permitir que usuários gastem saldo em dólar digital diretamente em estabelecimentos Visa no mundo todo, com liquidação instantânea na moeda local, transformando a carteira de stablecoin em uma “conta digital em dólar” para consumo e pagamentos transfronteiriços. Em seguida, a Zepz integrará produtos de rendimento on-chain, como staking ou empréstimos, embalando-os como ferramentas locais de investimento, evoluindo gradualmente para um “banco de consumo do Sul Global” — um super app de stablecoin que integra poupança, gastos e investimentos.
Movimentações de Capital
💰Zynk recebe investimento de US$ 5 milhões de Coinbase Ventures e outros para construir infraestrutura de pagamentos com stablecoins
Destaques
- A Zynk, empresa de infraestrutura de pagamentos transfronteiriços, concluiu rodada seed de US$ 5 milhões liderada pela Hivemind Capital, com participação de Coinbase Ventures, Alliance DAO e outros, via acordo SAFE em agosto;
- A Zynk oferece soluções de pagamentos transfronteiriços com stablecoins, suportando liquidação instantânea sem necessidade de pré-financiamento, eliminando a necessidade de empresas de pagamentos manterem fundos pré-depositados ou gerenciar operações complexas de liquidez em diferentes mercados;
- A empresa já suporta canais de liquidação em múltiplas moedas, incluindo dólar, euro, dirham dos Emirados Árabes, rúpia indiana, peso mexicano e peso filipino, alcançando crescimento mensal de 70% desde o lançamento discreto em abril.
Por que é importante
- A Zynk está resolvendo o principal gargalo do setor de pagamentos transfronteiriços — a necessidade de pré-financiamento, tradicionalmente uma barreira de entrada. Fundada por ex-CTO de pagamentos da Amazon Índia e ex-profissionais de mercados de capitais do Morgan Stanley, a equipe de 15 pessoas busca “fazer a liquidez se mover como dados”, oferecendo a provedores de remessas, plataformas B2B e prestadores de serviços de pagamento capacidade de expansão global sem gargalos de liquidez.
💰Ripple adquire empresa de carteiras cripto Palisade e expande negócios de pagamentos institucionais
Destaques
- A Ripple anunciou a aquisição da fornecedora de carteiras cripto Palisade, integrando sua plataforma Wallet-as-a-Service ao Ripple Custody, fortalecendo a custódia de ativos digitais, stablecoins e ativos tokenizados para bancos e empresas;
- A Palisade traz tecnologia para cenários de alta velocidade e frequência, como canais on/off-chain e fluxos de pagamentos corporativos, suportando múltiplas blockchains e interação com protocolos DeFi, facilitando a criação rápida de carteiras para novos usuários ou gestão global de tesouraria corporativa;
- Esta é a quarta aquisição da Ripple no ano, após Hidden Road (prime broker, US$ 1,25 bilhão), Rail (infraestrutura de stablecoin, US$ 200 milhões), GTreasury (gestão de tesouraria) e Metaco (custódia, adquirida em 2023).
Por que é importante
- Com aquisições intensivas, a Ripple deixa clara sua estratégia de construir uma alternativa cripto-native à infraestrutura financeira tradicional, formando um ecossistema completo de serviços institucionais de ativos digitais. Segundo Monica Long, presidente da Ripple, a tecnologia da Palisade complementa perfeitamente a demanda crescente do Ripple Payments. Com 75 licenças regulatórias globais e suporte a instituições como BBVA, DBS e o braço cripto do Société Générale, a Ripple consolida sua liderança em pagamentos institucionais e gestão de ativos digitais.
💰Arx Research levanta US$ 6,1 milhões em rodada seed e lança terminal de pagamentos “Burner Terminal”
Destaques
- A Arx Research recebeu US$ 6,1 milhões em rodada seed liderada pela Castle Island Ventures para lançar o “Burner Terminal”, dispositivo que aceita pagamentos em criptomoedas, stablecoins e métodos tradicionais;
- O Burner Terminal será lançado no início de 2026, custando menos de US$ 200, suportando pagamentos por aproximação, QR code e cartões de crédito tradicionais, sem taxas extras de gas;
- Inicialmente, o dispositivo suportará USD II e USDC na rede Base, com planos de expansão para mais redes e stablecoins em 2026, além de parceria com a Flexa para ampliar o suporte a cripto pagamentos.
Por que é importante
- O dispositivo oferece aos comerciantes uma opção gratuita para receber stablecoins diretamente, resolvendo o “último quilômetro” dos pagamentos cripto no varejo físico e trazendo a experiência de pagamento por aproximação do sistema financeiro tradicional para o universo cripto, facilitando a aceitação de múltiplos métodos de pagamento em um único equipamento.
Regulação e Compliance
🏛️Circle apresenta recomendações para implementação do GENIUS Act e pede estrutura regulatória unificada para stablecoins
Destaques
- A Circle enviou em 4 de novembro de 2025 recomendações ao Tesouro dos EUA sobre a implementação do GENIUS Act, destacando que a lei não apenas define padrões regulatórios para stablecoins, mas também estabelece a base para o framework federal de pagamentos digitais dos EUA;
- A Circle recomenda que todos os ativos digitais projetados para manter valor estável sigam as mesmas obrigações regulatórias, permitindo competição justa entre emissores bancários, não bancários, domésticos ou estrangeiros;
- Recomenda que a regulação assegure requisitos de capital e liquidez adequados ao risco das stablecoins e forneça diretrizes claras para operações globais, promovendo interoperabilidade com instituições financeiras internacionais.
Por que é importante
- A implementação adequada do GENIUS Act pode unificar padrões e aumentar a transparência, promovendo a liderança dos EUA em finanças digitais ao definir requisitos claros, sensíveis ao risco e mecanismos de enforcement previsíveis, além de direcionar a demanda do mercado para stablecoins transparentes, totalmente lastreadas e compliance.
🏛️Coinbase pede que regras do GENIUS Act sigam intenção legislativa do Congresso
Destaques
- A Coinbase enviou feedback ao Tesouro dos EUA pedindo que as regras de implementação do GENIUS Act sigam estritamente a intenção legislativa do Congresso, evitando ampliar o escopo regulatório além do previsto;
- A exchange propõe interpretação restrita da lei, excluindo softwares não financeiros, validadores de blockchain e protocolos open source do escopo regulatório;
- Aponta que a proibição de pagamento de juros se aplica apenas a emissores de stablecoins, não a intermediários ou exchanges que oferecem recompensas de fidelidade, sugerindo que stablecoins de pagamento sejam tratadas como equivalentes de caixa para fins fiscais.
Por que é importante
- O GENIUS Act, sancionado em julho de 2025, cria o framework federal para regulação de stablecoins. A Coinbase alerta que excesso regulatório pode sufocar a inovação e comprometer o objetivo da lei de tornar os EUA a “capital mundial das criptomoedas”.
🏛️ Bancos tradicionais resistem ao pedido de licença bancária federal da Coinbase
Destaques
- A Independent Community Bankers of America (ICBA) enviou petição ao Office of the Comptroller of the Currency (OCC) pedindo rejeição ao pedido de licença de trust federal da Coinbase, alegando que a exchange não atende a vários requisitos;
- O Bank Policy Institute (BPI), grupo de lobby de Wall Street, também se opôs recentemente aos pedidos de trust de Ripple, Circle, Paxos e outros, reiterando objeções à Coinbase nesta segunda-feira;
- A carta da ICBA afirma que o trust da Coinbase teria dificuldade de lucrar em mercados de baixa, que o OCC teria dificuldades para dissolver trusts falidos com segurança, e que a Coinbase National Trust Company depende de “funções de risco e controle claramente defeituosas”.
Por que é importante
- A disputa sobre fronteiras regulatórias entre bancos tradicionais e o setor cripto está se intensificando, com bancos tentando impedir a entrada de empresas cripto em áreas antes exclusivas. O Chief Legal Officer da Coinbase, Paul Grewal, respondeu nas redes sociais que os banqueiros “tentam cavar fossos regulatórios para se proteger”. Vale notar que o OCC é atualmente liderado por Jonathan Gould, nomeado pelo presidente pró-cripto Trump e ex-Chief Legal Officer da Bitfury, crítico da hostilidade dos bancos ao setor cripto. A decisão regulatória terá efeito demonstrativo importante para a obtenção de licenças bancárias por empresas cripto e pode influenciar a integração do setor com o sistema financeiro tradicional.
🏛️União Europeia planeja órgão regulador único ao estilo SEC para supervisionar cripto e bolsas de valores
Destaques
- A Comissão Europeia apresentará em dezembro proposta para criar órgão regulador único inspirado na SEC dos EUA, supervisionando bolsas de valores, exchanges cripto e centrais de liquidação, com apoio da presidente do BCE, Christine Lagarde;
- Uma possibilidade é ampliar os poderes da European Securities and Markets Authority (ESMA) para cobrir entidades financeiras transfronteiriças relevantes, incluindo bolsas de valores, empresas cripto e outras infraestruturas pós-negociação;
- A medida visa facilitar a expansão transfronteiriça de fintechs, eliminando a necessidade de múltiplas aprovações regulatórias regionais, embora países como Luxemburgo e Dublin, com centros financeiros, expressem dúvidas.
Por que é importante
- A UE avança rumo à “União dos Mercados de Capitais”, buscando simplificar o ambiente regulatório de serviços financeiros transfronteiriços por meio da centralização. Se aprovada, a proposta terá impacto profundo no setor cripto europeu, que passará a lidar com um framework regulatório unificado. A medida acompanha iniciativas recentes da UE em regulação de stablecoins, roteiro do euro digital (CBDC) e tokenização de ativos reais, sinalizando centralização regulatória em finanças digitais. O processo legislativo, se iniciado em dezembro, pode durar até 2026, aproximando a arquitetura regulatória europeia do modelo americano e potencialmente mudando o cenário competitivo entre cripto e finanças tradicionais na Europa.
🏛️Opinião: MiCA pode não evitar crise de stablecoins e criar riscos sistêmicos ocultos
Destaques
- A regulação MiCA da UE impõe regras de reservas, capital e resgate para stablecoins, mas Daniele D’Alvia, vice-diretor da Faculdade de Direito da Queen Mary University of London, alerta que o foco micro ignora riscos sistêmicos macro: com o crescimento das stablecoins, pode haver migração em massa de depósitos bancários para criptoativos;
- O presidente do Banco da Inglaterra, Bailey, advertiu que “stablecoins amplamente usadas devem ser reguladas como bancos”, propondo limites de £10-20 mil para indivíduos e £10 milhões para empresas, sinalizando preocupação com ameaça à soberania monetária;
- Regulação rigorosa pode gerar arbitragem regulatória, levando emissores a jurisdições offshore menos restritivas, transferindo riscos para fora do alcance regulatório e criando novas formas de shadow banking.
Por que é importante
- Embora a MiCA legitime as stablecoins, pode criar riscos para o sistema financeiro. Com adoção em larga escala, as fronteiras entre stablecoins e finanças tradicionais se tornam difusas, e a demanda por ativos de reserva pode desencadear vendas em massa de dívida soberana em momentos de turbulência. As stablecoins são infraestrutura-chave na interseção entre DeFi e finanças tradicionais, exigindo que reguladores enxerguem além da classificação como ativos comuns e compreendam seu impacto sistêmico como nova forma monetária. O framework atual ignora ferramentas macro de controle de risco, como limites de emissão, instrumentos de liquidez ou mecanismos de gestão de crises, podendo fazer com que stablecoins tragam mais problemas do que soluções após obterem status legal.
🏛️Banco cripto suíço AMINA obtém licença MiCA na Áustria e acelera expansão na UE
Destaques
- O banco suíço de ativos digitais AMINA (ex-SEBA Bank) obteve licença MiCA da autoridade financeira austríaca (FMA), permitindo à subsidiária AMINA EU oferecer serviços cripto compliance em toda a UE;
- A AMINA EU atenderá investidores profissionais, family offices, empresas e instituições financeiras com negociação, custódia, gestão de portfólio e staking de criptoativos, consolidando sua expansão europeia;
- A escolha da Áustria como porta de entrada se deve aos altos padrões regulatórios e compromisso com a proteção ao investidor, sendo o país base europeia de empresas como Bitpanda e Bybit.
Por que é importante
- Como instituição compliance com licenças bancárias na Suíça (FINMA), Hong Kong e Abu Dhabi, a AMINA poderá oferecer serviços completos — de contas bancárias a empréstimos cripto — a investidores profissionais da UE. Apesar da unificação regulatória via MiCA, a FMA austríaca, junto com reguladores da França e Itália, pede maior rigor, mostrando que a regulação cripto europeia ainda está em evolução. A expansão da AMINA facilitará o acesso institucional ao mercado cripto e acelerará a integração de ativos digitais ao sistema financeiro tradicional.
🏛️Canadá anuncia legislação de stablecoins em orçamento federal
Destaques
- No orçamento federal de 2025, o Canadá anunciou planos para regulamentar stablecoins, exigindo reservas adequadas, políticas de resgate, gestão de riscos e proteção de dados pessoais dos emissores;
- O Banco Central reservará CA$ 10 milhões em 2026-2027 para administrar a nova legislação, com custos anuais de CA$ 5 milhões posteriormente cobertos por taxas dos emissores regulados;
- O governo também planeja alterar a Retail Payment Activities Act para regular prestadores de serviços de pagamento que usam stablecoins, promovendo inovação digital segura.
Por que é importante
- A estrutura regulatória canadense para stablecoins é o mais recente avanço global após a aprovação do GENIUS Act nos EUA em julho. Segundo a Bloomberg, o Ministério das Finanças do Canadá dialogou intensamente com o setor e reguladores, focando na classificação das stablecoins e prevenção de fuga de capital para tokens lastreados em dólar. Com a implementação da MiCA na Europa e esforços similares no Japão e Coreia do Sul, a regulação de stablecoins tornou-se tendência global. Em 4 de novembro, o suprimento global de stablecoins era de cerca de US$ 291 bilhões, dominado por tokens em dólar, e o Standard Chartered estima que até US$ 1 trilhão pode migrar de depósitos bancários de mercados emergentes para stablecoins dos EUA até 2028.
Adoção de Mercado
🌱Yellow Card encerra operações de varejo e foca em infraestrutura B2B de stablecoins
Destaques
- A principal empresa africana de cripto Yellow Card anunciou que encerrará seu app de varejo em 1º de janeiro de 2026, focando em infraestrutura de stablecoins para clientes corporativos, incluindo canais de pagamento, gestão financeira e soluções de liquidez;
- Com 9 anos de operação em mais de 30 países, mais de US$ 6 bilhões processados e 1 milhão de usuários de varejo, a mudança reflete a tendência de transição estratégica das empresas cripto-native;
- Desde a rodada B em 2022, a empresa vem migrando para o segmento corporativo, já tendo captado US$ 85 milhões e se tornando uma das fintechs mais capitalizadas da África.
Por que é importante
- Com o mercado de stablecoins atingindo US$ 300 bilhões e a regulação global se consolidando, a mudança da Yellow Card confirma que o mercado B2C africano ainda não amadureceu, sendo o B2B o verdadeiro foco comercial. Apesar do interesse dos investidores em stablecoins de varejo, soluções corporativas de pagamentos, gestão de tesouraria e liquidez são, por ora, o modelo sustentável de receita.
🌱Mastercard, Ripple e Gemini exploram liquidação de transações com cartão via XRPL
Destaques
- A Mastercard está colaborando com Gemini e Ripple para testar a liquidação de transações de cartões de crédito fiduciários usando a stablecoin RLUSD na XRPL, sendo um dos primeiros casos de bancos regulados dos EUA usando stablecoins em blockchain pública para liquidar transações tradicionais;
- A Gemini oferece cartão de crédito versão XRP via WebBank, que também participa do plano de liquidação RLUSD; no mês passado, a Gemini lançou cartão “versão Solana” com recompensas de até 4% em SOL;
- A Mastercard segue expandindo parcerias em ativos digitais, tendo colaborado com a Chainlink em junho para permitir conversão fiat-cripto “direto na blockchain”.
Por que é importante
- A parceria marca a integração profunda entre gigantes de pagamentos tradicionais e empresas cripto, estabelecendo um marco para uso de stablecoins em blockchains públicas na liquidação de transações financeiras tradicionais. Plataformas cripto buscam aumentar receitas e atrair clientes com cartões de débito/crédito para compras diárias, e a participação de bancos regulados pavimenta o caminho para a adoção mainstream das stablecoins em infraestrutura financeira compliance.
Novos Produtos
👀Ripple lança serviço Prime Brokerage de ativos digitais e expande negócios institucionais nos EUA
Destaques
- A Ripple lançou oficialmente serviço de Prime Brokerage de ativos digitais para clientes institucionais nos EUA, após adquirir a Hidden Road, expandindo sua atuação em serviços financeiros;
- O novo Ripple Prime suporta dezenas de ativos digitais (incluindo XRP e RLUSD) em negociações OTC, integrando derivativos, swaps, renda fixa e forex em um único sistema;
- Clientes institucionais dos EUA agora podem realizar operações cross-margin entre OTC spot, swaps e futuros/opções CME em uma única plataforma, aumentando a flexibilidade na gestão de portfólios digitais.
Por que é importante
- Com a aquisição da Hidden Road e o lançamento do Prime, a Ripple integra licenças regulatórias e infraestrutura de prime brokerage, aprofundando sua transição de soluções de pagamentos para provedora de serviços financeiros completos. O Ripple Prime, junto com pagamentos e custódia, forma um ecossistema integrado, com XRP e RLUSD profundamente integrados para aumentar liquidez e simplificar liquidações institucionais.
👀Exchange latino-americana Ripio lança stablecoin “wARS” atrelada ao peso argentino
Destaques
- A exchange Ripio lançou a stablecoin wARS atrelada ao peso argentino, disponível nas blockchains Ethereum, Base (Coinbase) e World Chain, ampliando a tokenização de ativos reais para seus 25 milhões de usuários;
- wARS permite envio e recebimento global de fundos em qualquer momento, sem necessidade de bancos ou conversão para dólar, lançada em meio à queda da inflação argentina de 292% para 31,8% sob o governo Milei;
- A Ripio planeja lançar stablecoins para outras moedas latino-americanas, visando pagamentos transfronteiriços regionais em moeda local, evitando dependência do dólar ou intermediários caros.
Por que é importante
- Em países de alta inflação como Argentina e Brasil, stablecoins já são populares como reserva de valor. O lançamento da wARS, após o projeto de tokenização de títulos soberanos, expande a estratégia da Ripio de on-chain de ativos reais. A iniciativa marca inovação em stablecoins locais na América Latina, oferecendo alternativa contra inflação e facilitando pagamentos transfronteiriços, além de impulsionar a adoção prática da infraestrutura blockchain em mercados emergentes.
👀Chainlink lança plataforma CRE e acelera tokenização institucional de ativos
Destaques
- A Chainlink lançou o Chainlink Runtime Environment (CRE), plataforma de software para implantação de smart contracts em blockchains públicas e privadas, com ferramentas integradas de compliance, privacidade e integração de dados;
- O CRE permite desenvolvimento de contratos inteligentes cross-chain e integração com padrões financeiros tradicionais (como ISO 20022), além de oferecer serviços Chainlink como oráculos de preços e prova de reservas;
- Instituições como JPMorgan Kinexys, Ondo, UBS Tokenize e DigiFT já usam a plataforma: JPMorgan realizou liquidação cross-chain via CRE, e a UBS fez o primeiro resgate de fundo tokenizado on-chain.
Por que é importante
- A Chainlink posiciona o CRE como infraestrutura para a era da tokenização, destacando que instituições como Swift, Euroclear, UBS e Mastercard já o adotam para capturar a oportunidade de US$ 8,67 trilhões em tokenização. Segundo Sergey Nazarov, contratos inteligentes institucionais avançados antes levavam meses ou anos para serem implementados corretamente; com o CRE, esse tempo cai para semanas ou dias. A plataforma planeja adicionar recursos de privacidade em 2026, incluindo computação confidencial para instituições que precisam processar dados proprietários com segurança.
Tendências Macro
🔮Emissores de stablecoins dominam receitas cripto, chegando a 75% da renda diária dos protocolos
Destaques
- Emissores de stablecoins continuam dominando as receitas dos protocolos cripto, respondendo por 60%-75% da renda diária das principais categorias, superando plataformas de empréstimos e DEXs;
- O CEO da Tether anunciou expectativa de lucro de US$ 15 bilhões este ano, com margem de 99%, tornando-a uma das empresas mais eficientes do mundo;
- A concorrência no setor se intensifica: USDe tornou-se a terceira maior stablecoin, e a Coinbase passou a oferecer 3,85% APY para detentores de USDC.
Por que é importante
- O modelo de negócios das stablecoins depende do rendimento sobre reservas, mas a competição crescente leva emissores a explorar alternativas de compartilhamento de valor, podendo remodelar a distribuição de lucros do setor.
🔮Dados: volume de transações com cartões cripto sobe para US$ 376 milhões em outubro, Rain Cards lidera
Destaques
- O volume total de transações com cartões cripto subiu de US$ 318 milhões para US$ 376 milhões em outubro (+18%), mostrando expansão contínua dos pagamentos cripto;
- Rain Cards lidera com US$ 196 milhões em volume, seguido por RedotPay (US$ 100 milhões) e Etherfi Cash (US$ 33 milhões);
- Os projetos de maior crescimento incluem Rain Cards (+US$ 50 milhões), Etherfi Cash (+US$ 9 milhões), Cypher (+US$ 3 milhões), KoloHub (+US$ 2 milhões) e MetaMask (+US$ 400 mil).
Por que é importante
- O rápido crescimento do mercado de cartões cripto mostra que ativos digitais estão sendo integrados ao cotidiano, criando canais importantes para uso prático e promovendo a convergência entre economia cripto e sistema financeiro tradicional.
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